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Um torrefador para chamar de nosso

Atualizado: 12 de nov. de 2020



A produção do café agroflorestal em Apuí tinha um desafio, dentre muitos, que era agregar valor ao produto. Isso significava garantir, além do bom fruto, beneficiamento, torrefação, ensacagem e venda do grão. Sem atravessadores, os agricultores teriam um retorno maior e mais justo.


Estevão Anghinoni, que trabalha com torrefação de café na região de Apuí há mais de 20 anos, logo se tornou parceiro dos produtores. Além de comprar a safra, o torrefador adaptou o ponto da torra para satisfazer aos consumidores. E ele também adaptou parte do espaço de torrefação e maquinário para uso exclusivo na produção, atendendo às exigências do selo de certificação orgânica conferido por uma auditoria ao fim do processo.

“O café tradicionalmente produzido e vendido aqui tem a torra mais forte. As pessoas querem um café forte e associam isso a um pó de coloração mais escura, mais torrado mesmo. Já o Café Apuí Agroflorestal tem uma torra mais branda, a pedido dos clientes que o consomem, o que deixa o pó um pouco mais claro”, diz ele.


Natural do Paraná, Estevão chegou ao Amazonas como produtor rural, seguindo a trajetória da família que, no Sul, cultivava alimentos variados e também fumo. Em Apuí, cultivou arroz, café e guaraná, e logo percebeu que os atravessadores ficavam com a maior parte do retorno financeiro. Ele passou então a pilar e vender os próprios produtos.


“Comecei a trabalhar com torrefação a partir de uma necessidade minha, de agregar valor ao meu produto. O setor primário sofre com os preços da sua produção, independente se é café, feijão ou cacau. O preço não é garantido, depende da balança comercial. Tem altos e baixos por isso. E o grande problema é mesmo o atravessador. O setor que compra, processa e vende o produto processado fica com a maior parte do dinheiro. Comecei a pensar em industrializar os meus produtos”, diz ele.


Estevão iniciou um trabalho coletivo junto a uma associação local em Apuí para beneficiar a produção de café de todos os agricultores. A iniciativa não vingou, mas ele tomou para si o trabalho de torrefação na região de Apuí.


“Na parceria com o Idesam e o Café Agroflorestal Apuí, tenho um contato mais consolidado com os produtores. Os desafios são muitos, mas vejo com bons olhos o que estamos fazendo. A expectativa é que a produção aumente ainda mais, continue agregando um preço melhor para o café, e isso acaba voltando para o setor primário”, avalia.



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