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Como tudo começou

Atualizado: 12 de nov. de 2020

Em 2006, o Idesam iniciou um trabalho de assessoria técnica e extensão rural junto a agricultores e agricultoras familiares no município de Apuí, AM.


Em 2006, o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento da Amazônia) iniciou um trabalho de assessoria técnica e extensão rural junto a agricultores e agricultoras familiares no município de Apuí, no sul do estado do Amazonas.


Apuí abriga o maior projeto de assentamento rural do país (PA Rio Juma). Como parte de uma estratégia do governo brasileiro de ‘povoar e desenvolver’ a Amazônia, nos anos 1980 foi realizado um chamamento aos brasileiros de outras regiões que quisessem cultivar a terra no Norte. Gente do Sul, do Sudeste e do Nordeste seguiu para lá em busca de terra farta e gratuita.


Também na década de 1980, os agricultores que para lá migraram começaram a cultivar café de forma convencional, mas devido à crise no preço e à baixa produtividade,por volta do ano de 2000 abandonaram gradativamente o cultivo e trocaram por pastagens.

O tipo de café que floresce em Apuí é o Robusta, que cresce melhor em clima quente e à sombra de outras árvores. Logo nas primeiras visitas dos técnicos do Idesam aos agricultores, o fruto, abandonado, surgiu naturalmente maior e com mais qualidade justamente por de desenvolver à sombra.


Nasceu aí a motivação que possibilitou cultivar e comercializar um café que, além de ter mais sabor, teria manejo sustentável e ajudaria a cuidar da floresta a partir do plantio de árvores nativas em consórcio com a lavoura.


O início do processo de transição contou com a participação de 30 agricultores e agricultoras. Hoje, ao longo de toda a cadeia de valor do café, esse número dobrou, e já há outras comunidades interessadas em fazer a transição para cultivo agroecológico pela renda, pela qualidade do café e também por sua própria saúde.


Mas não bastava o engajamento dos produtores. Era preciso fomentar toda uma cadeia agroflorestal. Isso se traduziu em garantir assistência técnica, apoiar a associação local de agricultores, promover capacitação de coleta de sementes junto aos jovens, apoiar o viveiro local, que passou a produzir e fornecer as mudas para os agricultores, além de apoiar o torrefador local. O apoio da Prefeitura foi também importante nesse processo.


O passo seguinte foi buscar a certificação orgânica. Que veio de duas maneiras. A certificação participativa vem sendo obtida em parceria com a Rede Maniva de Agroecologia, único OPAC (Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade) da região norte do Brasil. Na prática, a OPAC Maniva funciona como uma certificadora que conta com a participação de produtores agrícolas, técnicos e pessoas sem que seja preciso pagar uma taxa para obtenção do selo orgânico. Essa modalidade está prevista na legislação brasileira para os agricultores familiares, geralmente sem condições financeiras de pagar por uma auditoria.


“Essa certificação é um trabalho de meses com os agricultores, e eles vão naturalmente, durante o processo, se organizando para várias outras questões. Isso é muito visível. Quando a gente forma um grupo que acessa a certificação orgânica participativa, os agricultores começam a acessar mercados, e outras políticas públicas de interesse, porque começam a se organizar e a perceber o poder da união. A certificação participativa vai agregando consigo processos, é muito mais um meio do que um fim”, avalia Marina Yasbek, coordenadora do trabalho do Idesam em Apuí. “Ter uma certificadora participativa na região norte é uma vitória para a Amazônia e para o Brasil. Nosso grupo em Apuí foi o segundo a ter a certificação participativa pela Rede Maniva.”


O café conta também com uma certificação por auditoria pelo IBD, responsável principalmente por atestar que a torrefação também atende aos requisitos necessários para a obtenção do selo orgânico.


Mas nossa trajetória não acaba aqui. Ainda cuidamos do ensacamento e venda do café, garantindo assim o máximo retorno para os agricultores e agricultoras em Apuí.

Se quiser conhecer em mais detalhes o processo técnico, leia oGuia Café Sustentável na Amazônia e oCafé Apuí: Resultados e Perspectivas.


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