Produtor campeão também é o primeiro do Amazonas a figurar entre os 30 melhores cafés no concurso nacional Coffee Of The Year, realizado em Minas Gerais
Texto e fotos: Henrique Saunier/Imprensa Idesam
O município de Apuí, localizado no sul do Amazonas, foi palco do 3º Campeonato de Qualidade do Café Apuí Agroflorestal, que, pela primeira vez, aconteceu fora da programação da feira agropecuária local. Promovida pela Amazônia Agroflorestal em parceria com o Idesam, a competição contou com apoio do Grupo Carrefour e Sicoob, tendo como objetivo reconhecer e premiar o trabalho das famílias produtoras de café da região, destacando a qualidade e o potencial do produto cultivado em sistemas agroflorestais.
O grande vencedor da competição, e que levou R$ 5 mil em premiação para casa, foi Rogério de Jesus Santana, produtor de café canephora (também conhecido como conillon). Ele expressou sua alegria e gratidão pela premiação, destacando a parceria com a Amazônia Agrofloresatal e Idesam, principalmente, quanto ao acompanhamento técnico recebido ao longo do processo. “Venho trabalhando com o café há bastante tempo, e com o apoio da Iniciativa Café apuí Agroflorestal e da orientação da Poliana Perrut, conseguimos alcançar esse resultado. Foi uma grande conquista”, afirmou Rogério, emocionado.
O produtor também tem ainda mais motivos para comemorar: ele é o primeiro representante do Amazonas a entrar na lista dos 30 melhores cafés canephora do Brasil, no concurso Coffee Of The Year (COY), que acontece em Minas Gerais e onde Rogério deve acompanhar presencialmente o já histórico resultado.
Ainda no campeonato local em Apuí, com pontuação de 89,38, o café campeão de Rogério Santana conseguiu trazer notas de chocolate ao leite, ameixa, frutas passas, Limão com mel, frutas amarelas, melaço, bala de coco, classificado como uma bebida ‘complexa’. O segundo lugar, com 88,13 pontos, foi conquistado por Viriato Rolf, que conseguiu imprimir no seu café notas de manga, laranja Lima, cocada, floral, com uma acidez cítrica e refrescante. Já o terceiro lugar, alcançado pelo cafeicultor Gean Carlos Inácio, com 87,25 pontos, apresentou um café frutado, com notas de lichia, laranja, limão siciliano, melaço, trazendo acidez marcante, leve e ‘’retrogosto longo e agradável’’.
Jonatas Machado, responsável pelo marketing da Amazônia Agroflorestal, destacou a importância histórica do evento. “É um sonho realizado. Sempre quisemos um evento nosso, independente, para mostrar a força da cafeicultura aqui em Apuí”, disse. Segundo Machado, o Campeonato de Qualidade, que reuniu mais de 80 produtores de diversas vicinais de Apuí e das regiões de Sucunduri e Matupi, não só destacou a qualidade do café, mas também promoveu a troca de experiências entre os produtores. “Estabelecemos regras claras para a competição, como a exigência de cafés com pontuação acima de 80 e a entrega de pelo menos duas sacas. O resultado superou nossas expectativas, com seis dos primeiros colocados alcançando pontuações superiores a 85 pontos”, completou Machado.
Qualidade sensorial e potencial do café de Apuí
Citada pelo produtor campeão como uma das principais responsáveis pelo resultado da qualidade do produto final, a engenheira agrônoma Poliana Perrut, especialista em cafeicultura, também teve um papel crucial no sucesso do campeonato. “Esse projeto, idealizado pelo Idesam e pela Amazônia Agroflorestal, visa elevar a qualidade e a produtividade dos cafés produzidos por famílias da agricultura familiar no sul do Amazonas”, explicou Perrut. “O que vimos aqui foram cafés com qualidades sensoriais excepcionais, com perfis únicos que nunca haviam sido atingidos por cafés da região. Sete amostras superaram os 80 pontos, com uma delas alcançando impressionantes 89 pontos”, salientou.
Poliana ressaltou que nove famílias aceitaram o desafio de produzir micro lotes de cafés especiais dentro da Iniciativa Café Apuí Agroflorestal e os resultados não decepcionaram. “Esses cafés têm descritores tão ricos que chegam a ser quase uma carta poética. O trabalho feito aqui é algo inovador e com um enorme potencial de mercado”, completou.
Anderson Moreira, Líder de Operações Agroflorestais da Amazônia Agroflorestal, também enfatizou a importância da iniciativa e a evolução dos produtores locais. “Sem o esforço e dedicação das famílias, nada disso faria sentido”, afirmou. “O café de Apuí está começando a ganhar reconhecimento e a ser levado para o mundo. Estamos sempre buscando melhorar a qualidade, entender os processos e agregar valor aos produtos. A ideia é garantir que os produtores possam não apenas alcançar bons resultados, mas também melhorar sua renda e qualidade de vida”, pontuou durante o evento.
O trabalho da Amazônia Agroflorestal e Idesam, em parceria com as famílias de produtores, tem sido fundamental para transformar a cafeicultura de Apuí, com o incentivo à produção sustentável e a utilização de sistemas agroflorestais, que aliam a preservação ambiental à produtividade. O 3º Campeonato de Qualidade do Café Apuí Agroflorestal não apenas reconheceu a qualidade do café produzido na região, mas também reforçou o potencial do município como um polo de excelência na produção de cafés especiais. O evento também contou com o apoio da Prefeitura de Apuí e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
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